É o tempo da Grande Mãe

É o tempo da Grande Mãe

quinta-feira, 28 de março de 2019

Arianrhod e Cerridwen: deusas da criação



Quem ja leu sobre as deusas Cerridwen e Arianrhod deve ter percebido que ambas compartilham de alguns pontos em comum, como o fato de serem as unicas deusas celtas chamadas de "Grande Mãe" e possuirem os mesmos simbolos: o caldeirão e a porca branca.
Isso nos leva a seguinte questão. Seriam elas aspectos ou faces de uma mesma divindade?
Para responder a essa questão, precisamos ir a fundo nos mitos e atributos dessas deusas.

Comecemos por Arianrhod.
Nos contos do Mabinogion, a principal fonte de estudo sobre os deuses galeses, Arianrhod é vista como a deusa das estrelas. Mas quando falamos em estrelas, não nos referimos somente aos corpos celestes luminosos mas sim a todo o universo. Logo, quando falamos que Arianrhod é a deusa das estrelas, na verdade estamos dizendo que ela é a deusa de todo o universo.
Arianrhod é a Mãe das Estrelas. Uma divindade cuja antiguidade e complexidade foge à nossa compreensão racional. Ela abarca toda a vastidão e diversidade do universo, regendo o tempo e a ausência dele. Ao mesmo tempo é gentil e terrível, simbolizando criação e destruição, o milagre do nascimento de uma estrela e a explosão violenta de uma super nova.  Ela é a Mãe, pois Ela é a Fonte de tudo, o começo e o fim.
Ela é a Mãe de todos nós, o Alfa e Ômega do Todo, a Senhora Estelar primordial.
No mito, Arianrhod é a mãe de Lleu, deus-sol, e de Dylan, uma divindade marinha. Ela é a criadora do sol e do mar

E Cerridwen?
Quando falamos no mar cósmico, no oceano primordial, estamos falando do caos que reinava antes da criação. Cerridwen é a deusa do caos.
Interpretando o mito de Cerridwen, percebemos o seguinte: Cerridwen era mãe de uma moça muito bela e de um rapaz muito feio. Os filhos de Cerridwen representam a polaridade dia/noite - luz/trevas. Ou seja, luz e escuridão emanam da deusa.
Ao querer dar ao filho a poção da sabedoria, Cerridwen na verdade estava querendo restaurar o equilibrio entre luz e sombra. Mas algo sai errado. O criado de Cerridwen, Gwyon, toma para si a poção. Ao fazer isso ele toma para ele parte da divindade de Cerridwen. Vemos aqui uma alusão a humanidade que, tomada pela ambição e pelo desejo de poder e conquista, toma o lugar dos deuses se julgando acima do bem e do mal.
A deusa parte entao atras dele numa perseguição que podemos entender como uma jornada xamanica onde ambos assumem a forma de animais.
Ao encontrar Gwyon, Cerridwen o engole sob a forma de um grão. Assim sua divindade é restaurada e o equilibrio é refeito.
Cerridwen não é somente a deusa do caos mas tambem a deusa da harmonia. É ela quem coloca o universo em ordem.

Então, com base nisso, podemos concluir o seguinte:
No inicio, havia o caos e Cerridwen reinava absoluta. Arianrhod, num ato de amor consigo mesma, cria o universo afastando assim o caos. Cerridwen, como deusa da harmonia, coloca o universo em ordem.

Respondendo a pergunta feita acima, Cerridwen e Arianrhod não são faces de uma mesma divindade mas sim, duas forças que atuam juntas para a manutenção do cosmo.

Druida Hudson D'Avalon

segunda-feira, 18 de março de 2019

Equinócio da Primavera - Alban Eilir



O nome do festival do Equinócio da Primavera no Druidismo é Alban Eilir, que significa "A Luz da Terra". À medida que o sol se aquece, a vida começa a aparecer no solo. Pequenos sinais a princípio - os narcisos e açafrões - e mais verdes à medida que as campainhas e as anêmonas de madeira se espalham pela floresta. As plantas são vistas por alguns como vegetação inanimada sem sentimentos reais e força vital. Mas os druidas enxergam a vida em todos os seres vivos, desde pedras até rios e nascentes, plantas e árvores - toda a vida é sagrada. Você já pensou em como reconhecer o começo da primavera? É a vida vegetal? O clima? Como uma planta sabe quando é hora de crescer? Não pode dizer a hora nem ver um calendário. No entanto, sabe. Se tem sentidos, então tem consciência, se tem consciência, então é mais do que uma forma de vida inanimada. Então é o retorno da vida à Terra que é celebrado em Alban Eilir, o tempo do equilíbrio.

Um dos mistérios internos do druidismo é o ovo do druida. Dando vida, é o ovo protegido pela lebre, que é o símbolo de Alban Eilir - ainda comemorado pela doação de ovos de Páscoa pelo coelhinho da Páscoa.

Mais profundo em Alban Eilir

O inverno às vezes parece tão longo, que poderíamos ser perdidos por nos perguntarmos se a primavera alguma vez voltará. Mas a Deusa da Primavera está apenas dormindo na escuridão do Inverno, e enquanto ela se agita em Imbolc, ela está verdadeiramente acordada na época do Equinócio da Primavera.

As forças da luz são igualmente equilibradas com as forças das trevas neste momento, mas a luz está aumentando - e alcançará seu apogeu no Solstício de Verão três meses depois.

A planta simbólica do Equinócio no Druidismo é o trevo, que também é habitualmente usado no dia de São Patrício, 17 de março - quase na época do Equinócio da Primavera. A explicação usual para o uso do trevo é que São Patrício usou sua forma de três folhas para ilustrar a doutrina da Trindade, mas na verdade o trevo é provavelmente o emblema nacional da Irlanda por causa de suas associações Druídicas anteriores, e é visto por algumas autoridades como uma sobrevivência da triquetra, uma roda cristianizada ou símbolo do sol.

As três folhas verdes do trevo da Primavera na cerimônia Druida nos trazem de volta, então, não apenas para o Deus Sol e a doutrina da Trindade (que alguns dizem ter evoluído do Druidismo), mas ao ensinamento do Awen e ao conceito da deusa tríplice.
No Druidismo, a primavera é considerada tão importante, que três festivais são dedicados a esta estação: Imbolc, marcando os primeiros movimentos da Primavera, Alban Eilir marcando seu começo mais óbvio, e Beltane marcando o tempo de sua plenitude. A seguinte citação de Nuinn elabora sobre este tema:

"A primavera é pelo menos uma celebração tripla.  Começando com Imbolc como o primeiro de um trio, temos o primeiro arado, a lavagem da face da terra e as oito luzes, porque é distintamente uma ocasião da Deusa Mãe. Portanto, temos o uso da terra, da água e da luz.
A segunda festa é o Equinocio da Primavera, Alban Eilir. Aqui ao ar livre, temos o uso da pedra da liberdade de expressão (terra), o primeiro fogo da primavera (o incensário) e a espada de um espírito: e água transformada ( vinho) é dado pela senhora da Primavera, bem como átomo-sementes para o crescimento ".

"Alban Eilir, no ponto de equilíbrio entre Imbolc e Beltane, está no ponto de equilíbrio também entre o dia e a noite, e é um momento perfeito para se abrir à qualidade de equilíbrio em nossas próprias vidas."

Druida Hudson D'Avalon

terça-feira, 12 de março de 2019

*Vamos falar sobre hierarquias?*


O assunto hierarquia na magia gera muito conflito, porque como sabemos a magia é livre e muitos usam essa desculpa para se auto proclamarem, sacerdotes com menos de 20 anos, mestres em alta magia com 25 e acreditem grão mestre supremos com menos de 40 anos, esses devem trazer esses títulos de outras encarnações com certeza… Porque?
Para responder essa questão vamos aos princípios, ordens mágicas como Golden Dawn, Golden Helmet, a religião Wicca e os seguimentos herméticos estabelecem os seguintes padrões hierárquicos:

*Neófito*: simpatizante, estudante da magia sem prática real.

*Dedicante*: aprendiz de magia que realiza práticas simples.Processo que leva 1 ano e um dia.

*Iniciado*: aquele que já pratica magia de forma independente ou coligada a um coven ou ordem. Processo que também leva um ano e um dia.

*Sacerdote*: mestre espiritual responsável por direcionar pessoas em suas doutrinas espirituais. Para passar pelo processo sacerdotal o seu grão mestre o observa por pelo menos 5 anos, mas o processo pode se estender de 7 a 10 anos.

*Grão Sacerdote*: responsável pelo direcionamento de vários covens ou ordens. O sacerdote e observado de 1 a 3 anos para assim poder se disponibilizar para o cargo.

*Grão Mestre*: responsável pelo levantamento e direcionamento de novos sacerdotes. É exigida pelo menos 15 anos a frente de um coven ou ordem para que o Sacerdote possa ser disponibilizado para o cargo.

*Grão Mestre Supremo*: autoridade máxima em um coven ou ordem. É preciso no mínimo  20 anos de sacerdócio, ser observado e ter aprovação de pelo 90% do coven ou ordem.

Seguindo esses princípios vamos fazer contas e desmascarar essas aberrações ridículas da internet:
Se cumprimos 1 ano e 1 dia de dedicação, mais 1 ano e 1 dia de iniciação, so no começo teremos 2 anos e 2 dias de processo espiritual.
A partir daqui vamos pelo mínimo para sacerdote pelo menos 5 anos, dai ja temos 7 anos e 2 dias de processo espiritual.
Para grão sacerdote  3 anos no mínimo, ai já temos 10 anos e 2 dias de processo espiritual.
Para grão mestre mais 15 anos, contabilizamos então 25 anos e 2 dias de processo espiritual.
Para Grão Mestre Supremo mais 20 anos, enfim chegamos a conta de 45 anos e 2 dias.
Por isso queridos quando uma pessoa falar pra vocês que ela e grão mestre supremo por exemplo faça as contas
    1+1+5+3+15+20=55 anos de processo espiritual.
Bom se a idade da pessoa for inferior a isso, ou ela faz parte de alguma ordem maluca por ai, ou ela trouxe o cargo religioso da encarnação passada rsrs, ou ela simplesmente é mal caráter e esta tentando descaradamente te enganar.
Para se ter uma ideia, Raven Grimasse, autor celebre dos livros de magia só se tornou Grão Mestre Supremo a 10 anos atrás e o autor e filósofo Paulo Coelho a apenas 3 anos.
Queridinhos não se deixem enganar e queridinhos não virem chacota ao se dizer uma coisa que você não é. Não se brinca com a vida espiritual das pessoas, porque paga-se muito caro por isso. E tudo tem seu tempo determinado!

*“A arrogância é a maior fonte da ignorância.”*
Se você achar que foi pra você, talvez realmente seja, pare, pense, reflita e melhore!

Sacerdotisa Janah Chris
Fonte: Estatuto do Conselho Internacional de Magia e Bruxaria da Golden Dawn
Hierarquia Religiosa Wiccana de Raven Grimasse
Diretrizes do Conselho Brasileiro de Magos e Bruxos.